quinta-feira, 4 de julho de 2013

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A relação da folha de coca, cocaína e coca-cola

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Se para a sociedade contemporânea a cocaína é uma droga perigosa e ilícita, um mal que deve ser combatido já que jovens e adultos a usam indiscriminadamente provocando sérios problemas de saúde, o mesmo não se pode afirmar sobre a folha de coca (de onde é extraída a cocaína), que teria, por exemplo, poderes medicinais.

Para os povos andinos, não há qualquer problema em mascar a folha de coca, nem utilizá-la como componente de chás. Mesmo porque, segundo eles, a planta pode se utilizada como estimulante, pois ajuda a aliviar os sintomas (cansaço e fadiga) decorrentes das grandes altitudes, a suportar a exaustão e as dores de cabeça causados pela altitude e a suportar o frio na região da Cordilheira dos Andes. Mastigar a folha de coca também evita a sensação de sede e de fome, diminuindo o apetite. Assim sendo, o consumo da folha de coca é considerado, em seu estado natural, como alimento, medicamento e para fins de rituais.

Mas, se a folha de coca pode trazer algum tipo de benefício, o mesmo não se pode dizer da cocaína que é extraída da planta Erythroxylon coca, encontrada na América Central e na América do Sul, principalmente na Bolívia e no Peru. Os Incas, por exemplo, consideravam a planta divina e sagrada. Mas, quando surgiu a cocaína? Ela foi descoberta no século XIX, quando o químico alemão Albert Niemann conseguiu isolar a substância em laboratório. Tão logo ela foi descoberta, a cocaína começou a ser utilizada e difundida como anestésico, não provocando desta forma nenhum dano secundário ao organismo. Ou seja, foram surgindo os primeiros produtos à base da folha de coca, ou com o seu princípio ativo, a cocaína. Esses produtos foram sendo utilizados para o tratamento da depressão, dores de garganta e de dente e em cirurgias oftalmológicas. Dentre os produtos surgiram pastilhas para aliviar dores dentárias, tônicos medicinais e bebidas alcoólicas e não-alcoólicas, como vinho e refrigerante, mais precisamente a Coca-Cola.


O uso medicinal da cocaína foi defendido por gente famosa como o psicanalista Sigmund Freud, que não somente usava a cocaína como recomendava a seus pacientes. Para ele, havia inúmeras vantagens, pois ela se destacava como um estimulante para o cansaço físico e mental, além de ser recomendável para pessoas que apresentavam quadro de melancolia e depressão. No entanto, Freud se desiludiu com o uso da cocaína, pois constatou o grau de dependência a que foram reduzidos muitos de seus amigos.

Em 1886, um boticário norte-americano, John Stith Pemberton, inventou um tônico à base de álcool, folhas de coca e noz de cola, o French Wine Cola, simular ao vinho de coca Mariani. Esse vinho de coca estimulou a fabricação da Coca-Cola, que teria surgido em parte para competir com vinho Mariani importado da Itália. No início de sua fabricação, a coca-cola continha álcool e alguns miligramas de cocaína. Com o passar do tempo, esses dois componentes foram retirados, mas a Coca-Cola manteve a folha de coca em sua fórmula, mas sem o princípio ativo, ou seja, a cocaína (que deixou de ser incluída em seus ingredientes em 1903). Essa substância foi retirada porque os fabricantes da coca-cola estavam preocupados com o risco de dependência, e a cocaína foi substituída por cafeína.


Apesar dos efeitos positivos que eram enumerados, os efeitos negativos da cocaína foram descobertos. E com o uso cada vez mais frequente da cocaína, nos Estados Unidos começou a haver uma perseguição ao ópio. Por isso, em 1914, foi elaborada uma lei no país que proibiu a venda e o uso de cocaína. E com o crescimento das restrições do uso da cocaína em vários outros países, a planta da coca foi proibida no mundo inteiro em 1961, durante a Convenção de Viena, realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), ou seja, a folha de coca foi incluída em uma lista de entorpecentes e foi criminalizada. Assim, naquele ano, a mastigação da coca passou a ser considerada ilegal, sendo associada ao consumo de cocaína.
A PROIBIÇÃO DA COCA


De acordo com as leis criadas, os índios andinos que utilizam a folha de coca há milênios ficariam proibidos de fazê-lo. Mas, a Coca-Cola, que utilizou a folha de coca para gerar um negócio bilionário, pôde continuar utilizando as folhas, bastando para isso retirar a cocaína.

Outro fator negativo que a proibição do consumo das folhas criou foi o tráfico de cocaína. A proibição criou e aumentou exponencialmente o tráfico tornando-o também um negócio bilionário – e violento.

É fato comprovado atualmente que produtos industrializados não são melhores do que produtos naturais. As plantas in natura têm todas as suas propriedades intactas e ainda contêm fibras, responsáveis por retardar a absorção de seus nutrientes. Mascar folha de coca ou tomar seu chá não faz mal à saúde justamente por causa disso, as fibras da planta evitam que haja um grande pico. O que não acontece quando se cheira cocaína ou se fuma crack. A quimica misturada com a cocaína gera um pico elevadíssimo e ainda causa um nível alto de dependência.

A relação química e dependência pode ser vista em produtos industrializados. Por exemplo, ao colocar grandes quantidades de açúcar nos produtos, fabricantes estão criando de certa forma criando uma dependência de seus consumidores, além de criar uma epidemia global de obesidade e diabetes.






BOLÍVIA E A FOLHA DE COCA


A Bolívia é um dos países que mais defende o uso da folha de coca, afinal o consumo da folha e, não da cocaína, é considerado sagrado no mundo indígena andino, sendo também um símbolo da identidade e da cultura dos povos andinos. O consumo da folha de coca é milenar e tem fins terapêuticos na região.

Como não concordava com a decisão da ONU de criminalizar o plantio e o uso da folha de coca, o governo da Bolívia se retirou da Convenção de Viena, em meados de 2011, mas em dezembro do mesmo ano, ela pediu a sua readmissão à Convenção.

Em janeiro de 2013, o governo boliviano avisou que não iria mais seguir a proibição da folha da coca, uma planta tão tradicional em sua cultura e sociedade. Houve oposição, principalmente dos EUA e mais 14 países, mas a ONU aprovou a decisão (eram precisos 63 votos contrários para barrá-la). Foi um marco histórico, já que pela primeira vez desde 1961 um país consegue legalizar uma substância que a ONU considerava como sendo droga.

Estamos em pleno século 21 e essa legalização não pode restringir o uso da folha de coca apenas aos andes. Ela poderia ser utilizada mundo afora para tratar dependentes de crack e cocaína (a folha alivia a fissura, sem os efeitos indesejáveis). A Coca-Cola poderia passar a vender bebidas in natura, sem adição de açúcar refinado, saudáveis como o chá de coca.

A decisão poderia também abrir portas para políticas mais modernas na regulação dos mercados de alimentos, drogas, medicamentos.


EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS DA COCAÍNA


Na sociedade contemporânea, a cocaína é vista como um grande mal que afeta pessoas de todas as idades, independente da classe social e do grau de instrução, principalmente devido ao alto grau de dependência que ela proporciona. Se no ínicio do consumo da cocaína, a pessoa sente prazer (ela atua no sistema nervoso central e provoca sensação de euforia e bem-estar), em pouco tempo ela se torna dependente, já que é necessário sempre consumir uma quantidade maior da droga para poder atingir aquela sensação de prazer e euforia inicial devido à resistência que foi criada.

Seu efeito no organismo é rápido e a droga chega logo ao cérebro, principalmente se a cocaína é fumada, já que ela é absorvida rapidamente pelo pulmão, chegando ao cérebro entre 10 e 15 segundos, quando os primeiros efeitos são percebidos. O efeito dura em torno de cinco minutos. Quando a cocaína é consumida sob a forma de pó, os efeitos são sentidos após 10 a 15 minutos. Já quando a cocaína é injetada via endovenosa, os primeiros efeitos ocorrem entre 3 a 5 minutos.

Com o uso recorrente da cocaína, a pessoa fica agitada, demonstra ansiedade e irritabilidade, fica em estado de excitação e hiperatividade. Outros efeitos desencadeados pela cocaína incluem falta de apetite, insônia, perda da sensação de cansaço, alteração na capacidade de atenção, dilatação da pupila, aumento da temperatura corporal (a pressão arterial pode aumentar e o coração bater mais forte, provocando até parada cardíaca) e ulceração nas mucosas nasais (devido ao uso constante da cocaína pela via nasal).

Ao longo do tempo, a cocaína perde a sua eficácia e o usuário deseja obter doses cada vez mais altas para buscar os efeitos agradáveis que sentia quando começou a usar a droga. Assim, quando a droga é usada de forma compulsiva e repetitiva, a pessoa entra em um estágio conhecido como "fissura" se fica muito tempo longe da cocaína. Quando o efeito acaba, como consequência surgem sensações como cansaço e intensa depressão. O uso constante também faz com que a pessoa desenvolva comportamento violento e pode provocar ainda alucinações táteis, visuais e auditivas, além de delírios. O dependente pode ainda desenvolver um quadro de paranoia e pensar que está sendo perseguido, desenvolvendo, portanto, um comportamento mais agressivo.

Usuários de drogas podem apresentar também comportamentos de risco, pois ficam mais expostos à doenças como hepatite, malária, dengue e AIDS, por causa do compartilhamento de seringas. A prática do sexo desprotegido (sem camisinha) é outro comportamento de risco muito grave, pois tanto homens quanto mulheres estão sujeitos a adquirir outras doenças sexualmente transmissíveis.

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