terça-feira, 10 de setembro de 2013

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Sexo escrito, êxito certo!


Por Paulo Ghiraldelli


Quer ser um escritor de sucesso? A fórmula é simples


Para filósofo, escrever sobre sexo é garantia de sucesso a um escritor Getty ImagesQuer ser um escritor de sucesso? A fórmula é simples. Três palavras dão tudo que você precisa: escreva sobre sexo.

Tem gente que pensa que filme de sexo dá dinheiro. Outros imaginam que foto de mulher pelada e coisas assim dão dinheiro. Há até os que ainda acham que fazer sexo por dinheiro dá dinheiro. Bobagem. Isso tudo aí não dá dinheiro e, quando dá, na hora de somar ganhos e gastos, verá que não valeu a pena. Não venda sexo, não fotografe sexo, não filme sexo. Apenas faça sexo – consumo interno. Agora, para pegar grana, escreva sobre sexo.

Claro, se você não vende sexo, real ou virtual ou qualquer coisa assim, como vai escrever sobre sexo? Ficção? Não, não adianta. O leitor não compra ficção boa ou ruim. O leitor quer ler (ou ao menos comprar) o texto de alguém que fez muito sexo com muita gente, ou alguém que tira fotos de sexo ou faz filme de sexo. O leitor quer livro de gente envolvida com o sexo. Então, eis aqui a ideia básica ganhar dinheiro: veja na praça quem pertence ou pertenceu ao “mundo do sexo”, escreva sobre isso e convide o seu personagem para assinar o texto com você. Nem é tão necessário que o personagem seja famoso ou tenha sido famoso.

Uma sociedade amortecida como a nossa, com sexualização a mil e erotismo a zero, precisa de estímulo para tornar homens e mulheres, de novo, aptos ao prazer. Viagra, mulher pelada em toda capa de revista e apelo sexual em franco bombardeio é o que temos. Exatamente porque não sentimos nada. Ora, a última maneira para tentar voltar a sentir, e que está na moda, é a leitura.

Não se trata de romance com lances picantes, da boa literatura. Nada disso. O texto deve ser escrito para desescolarizados (ainda que quem compre seja escolarizado!) e precisa ter como coautora uma mulher que fez sexo adoidado (não fique receoso, achando isso vai atrair só o público masculino – nada disso). Aí é conseguir essas editoras de massa e ... pimba! Com um pouco de espaço na imprensa, e eis o modo de ganhar dinheiro. É mais ou menos quase igual insistir na moda americana dos anos 80, que era falar de modo politicamente incorreto para tentar chocar o gosto polido das novas gerações (aqui no Brasil, sempre tardio, isso está vigorando agora!).

As pessoas atualmente sabem que a minha geração viu púbis peludo e chegou mesmo a fazer sexo com tais coisas belas. Mas a geração atual não viu de fato, ainda, na cama, algo assim. Talvez nem vá ver. Agora, em foto ou material virtual, bem, isso tá cheio na sessão vintage. O que desperta mesmo essa geração é o texto sobre isso. Nesse texto, a mulher de meia idade, que fez sexo adoidado, deve ser descrita com tendo essa floresta pubiana. Meia página de descrição disso, desse matagal. Garanto, essa página do livro será mais percorrida que qualquer outra de qualquer outro livro, até mesmo da Bíblia, que continua sendo o nosso best seller mundial.

Vá em frente. Contei o segredo. Agora é sua vez, execute.

* Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor, cartunista e professor da UFRRJ


iG

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