quinta-feira, 25 de julho de 2013

'Homens querem sexo e eu, amor', diz virgem aos 30



Autora do livro 'Virgem aos Trinta Anos', Vivian Sleiman espera seu príncipe encantado para a primeira relação sexual

Autora do livro 'Virgem aos Trinta Anos', Vivian Sleiman espera seu príncipe encantado para a primeira relação sexual

Nem mito, nem tabu. A virgindade tardia pode ser desencadeada por uma série de fatores. Dentre eles, a convicção. A venezuelana Vivian Sleiman, de 32 anos, autora do livro “Virgen a losTrienta” (em tradução livre, “Virgem aos Trinta Anos”), se sente bastante à vontade com seu status. “Eu nunca planejei continuar virgem até os 30 anos. Mas sentia que a maioria dos homens queria sexo e eu, amor, minha única razão para permanecer nesta condição”, confessa Vivian. “Ser virgem não me torna melhor ou pior.”

Morena, alta e com medidas invejáveis, ela já foi aspirante à Miss Venezuela, e coleciona namorados famosos. Todos eles sapos em sua opinião. “É claro que eu acredito em príncipe encantado. Não aquele da fantasia, falo de um homem da vida real. Não somos perfeitos e não espero de ninguém perfeição”, diz ela. Quando questionada sobre como lida com os mais insistentes, é categórica: “Homens sempre tiveram muito respeito por mim. Mesmo porque é a mulher que se dá o seu próprio respeito”.

“ Que a entrega não seja por uma paixão arrebatadora, e sim por amor

Enquanto o universo não lhe envia o parceiro ideal, como ela acredita, a meditação e a espiritualidade a ajudam a ter paciência para esperar “o grande amor”. “Quando nos entregamos para a vida, somos recompensados com tudo de maravilhoso que merecemos. Não é ruim estar só, o ruim é estar com alguém e se sentir só”, continua.

Desde o lançamento de seu primeiro livro, há dois anos, Vivian segue dando palestras sobre o tema para jovens. “Falo com eles sobre promiscuidade, resgate de valores e como moldar o caráter. Faço um chamado para que não caiam em tentação, e esperem pelo amor verdadeiro. Para que a entrega não seja por uma paixão arrebatadora, e sim por amor.” Aliás, a expressão “fazer sexo” não faz o menor sentido para ela. “Prefiro ‘fazer amor’.”

Se Vivian tem o homem que quiser na hora que bem entender, o mesmo não acontece com outras mulheres. Para a publicitária Marina, de 33 anos, que prefere não se identificar, ela não perdeu a virgindade por uma questão circunstancial. Ela já chegou bem perto de ter sua primeira relação sexual, mas no último minuto, “não rolou”. “Fico com vergonha de falar que sou virgem. E quando decido contar, os homens se assustam”, diz Marina.

De acordo com a terapeuta sexual Maria Luiza Macedo de Araújo, autora do livro “Sexo e Moralidade: O prazer como Transgressão no Pensamento Católico” (Editora Eduel), homens se sentem em xeque quando pensam na responsabilidade de tirar uma virgindade cultivada por mais de 30 anos.

“Eles ficam com medo, pois não querem lidar com toda essa expectativa da mulher. É um entrave para eles”, completa a psicóloga Carolina Ambrogini, ginecologista especialista em Sexualidade Humana pela Universidade de São Paulo (USP). “E quanto mais velha a mulher fica, mais insegura se torna."

Possivelmente Marina se enquadra em um perfil de mulher mais tímida, retraída. Ou que romantiza demais a primeira relação. “Atualmente, as pessoas ficam, depois vira um rolo e então vira um namoro. As mulheres que já querem partir para um namoro sério assustam”, diz Maria Luisa. Idealizar tampouco é recomendado, pois todo mundo tem problemas e defeitos, inclusive esta mulher que está em busca do parceiro e do sexo perfeitos. “A expectativa muito alta em relação ao outro também gera uma frustração enorme”, diz Maria Luiza.

As assanhadas também podem afastar o homem em suas investidas para levá-lo para cama. Como é o caso da enfermeira Perséfoles, personagem de Fabiana Karla na novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. “Ser atirada demais é como um dispositivo de segurança. Inconscientemente ela acaba repelindo o homem para se proteger”, explica a ginecologista e terapeuta sexual Junia Dias de Lima.

A virgindade tardia também costuma ser frequente por questões religiosas. Os evangélicos acreditam que qualquer tipo de sexo fora do casamento seja pecado. “Dizemos não ao prazer momentâneo, pois estamos aliançados em princípios eternos”, pontua Nãna Shara, cantora e líder da Igreja Celular Internacional, no Rio de Janeiro.

Ao lado do marido, o também líder Cláudio Brinco, que faz o “Culto dos Príncipes”, ela aconselha jovens em seus ministérios sobre a importância “do relacionamento em santidade”, ou seja, nada de carícias e preliminares antes do casamento. “A libido, o tesão de ir para cama é carnalmente normal. Quem diz que não está sentindo nada está mentindo. Por isso que, nesse caso, cabe a renúncia. Digo sempre aos jovens: ‘Não acenda o fogo ao qual não pode apagar’”, diz Cláudio.

A auxiliar administrativa Maressa Mel, de 26 anos, tem seguido tais instruções desde que sua puberdade aflorou. Nascida em uma família evangélica, ela conta que nunca teve um namorado. “Minha mãe teve filho com 17 anos. Ela nunca me impôs nada, mas sempre me alertou para não seguir seu exemplo”, conta ela.

Quando Maressa sai com amigas que não são evangélicas e já tiveram relações sexuais, diz que se sente “tranquila com as escolhas que fez”. E não tem pressa até que Deus coloque a pessoa certa em seu caminho. “Casar é um sonho”, revela a jovem, que frequenta a Assembleia de Deus, no Rio de Janeiro.

Fobia pede tratamento

Mulheres com fobia sexual normalmente sofreram algum abuso sexual ou violência doméstica no passado. “Elas ficam fóbicas como resposta diante de uma tentativa de avanço de um homem”, diz Junia. Esses episódios causam sérios problemas na cabeça das mulheres e são muito danosos para a sexualidade e vida prazerosa. “Nesse caso, a mulher precisa de terapia, de tratamento”, recomenda Maria Luiza.

Mas se a virgindade tardia não estiver ligada a qualquer patologia ou bloqueio psicológico, não há mal algum em ser virgem em uma idade avançada. É preciso desmitificar essa ideia de que toda mulher precisa perder a virgindade. “Ela tem o direito de ter 40 anos e ser virgem. Não precisa ser um problema”, finaliza Maria Luiza. Pois como afirmava Freud: a sexualidade pode ser sublimada para se canalizar outras coisas da vida, como, por exemplo, a arte ou a caridade.

Alagoas 24 Horas

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